segunda-feira, 11 de julho de 2011

A morada da razão

Seja bem-vindo ao meu coração, você não queria tanto entrar? Entre!  Não repare a bagunça, pois na ultima vez que estive aqui não tive lembranças muito boas, tudo está desarrumado, algumas coisas encobertas, estragadas, velhas e empoeiradas.  Não tenho animo para arrumar, as chaves quase foram jogadas fora, já tentaram arrombar, derrubar a porta, mas fui obrigado a colocar a razão para vigiar. Nem mais sabia o caminho, foram colocados tantos caminhos, tantos traços, armadilhas, tudo para chegar até aqui, virou quase que impossível. Tenho tanto medo em vim sozinho, que trouxe você para vim comigo, tudo continua como eu deixei, depois que briguei com a paixão, expulsei o amor, tudo que você vê foi deixado sem arrumar.
Ainda guardo um pouco de minhas memórias, minhas amarguras amorosas ainda continuam escondidas, não me pergunte onde estão, pois perdi completamente a noção do lugar que escondi, mesmo lembrando, deixei onde estão. Os quadros que pintei estão completamente empurrados, meu diário foi roubado, levado pela paixão, tinha tanto apego o que escrevia que serviu ao amor de inspiração. Muitas coisas foram levadas, as mínimas deixadas, as valiosas guardam na parte mais medonha do meu ser. Vamos embora, pois minha alma dói em ver que não há nada a ser feito ou eu não queira tomar partido das minhas inconstâncias.
Em troca da minha paz, leve o que quiser, leves as tralhas, limpe o resto dos meus sentimentos, não comprima minha vida, mas não hospede em minha casa, não me persegue; não me apegue aos meus disfarces. Mostrei o caminho oculto do meu coração, isso já basta! Agora pegue sua bagagem, suas esperanças, sua paixão ilusória, não deixe os seus rastros aqui dentro, você arrobou delicadamente minha intimidade e não ouse tentar colocar suas paixões, e desejos infames. Estou estafado das invasões alheias. Poupe-me de suas declarações românticas de sua obsessão pelo meu coração, guarde os seus argumentos, os seus juramentos. Aqui só reinam a razão, basta suas tentativas fracassadas. Agora, saia, pois já disse e mostrei muito coisa que me estafa. Vá! Não olhe para trás, não beijei o meu rosto e não se engane que és privilegiado em entrar aqui, pois se vieres outra vez, saiba que não moro mais em mim.

2 comentários:

  1. Que metáfora fantástica!
    Magnífico! Contudo, não afaste assim as pessoas :)
    Dê sempre mais uma oportunidade à felicidade!

    Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com

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