Amava a vida com tanto amor, havia algo dentro de mim que acompanhava
minha felicidade de viver de uma forma simples e totalmente disposta a
entregar-me a insanidade da paixão. Nunca havia amado ninguém, só havia
desembarcado coisas passageiras em minha estação, que não foram o suficiente
para desapegar do mundo que fantasiei. Mesmo cheio de fantasias sentia-me feliz,
lia muitos romances, contos e filmes que tiravam a carência escondida em meu
ser, meu coração vagava pelas ruínas da solidão, tirando minha mente de orbita
em criar ilusões que alimentavam minha sede de escrever um romance com as
palpitações do meu coração. Fechava os olhos em sinal de insensatez, o medo
embolava com a ansiedade de encontrar alguém que pudesse lançar minha sorte, inventando
os meus dias, construindo minha jornada. Ficava perdida, com tanta ilusão que abastava
minha alma saliente de tanto amor para dar.
Tinha o amor da vida, o descontentamento com a paixão, não sabia
diferenciar a vantagem de viver contente e amar perdidamente. Não imaginava um
príncipe encantado, mas queria um amado apaixonado, que espontaneamente tirasse
o sorriso da minha boca, me fazendo enxergar a completa harmonia entre amar a
vida e viver amando. O meu sonho por um instante tornou-se realidade, de tanto
que almejava minha graça, concedida foi, pois não sabia esperar em tempo certo.
Trombei com os olhos grandes daquele homem alinhado, seu sorriso deixava-me
encantada, minhas pernas bambeou quando meu corpo aparou diante de sua
formosura, fiquei perplexa de como ele cheirava, seu perfume adocicava minha
boca envolvendo-me como o vento, por um instante o mundo parou para mim, não
acreditava que o amor tinha tanto poder. Não trocamos palavras, somente os
nossos olhares falaram por si próprios. Nem chegamos a trocar telefones, mas
tinha a certeza que encontraríamos novamente. Voltei para casa, calada, tive o
medo de que minha mente materializasse a irrealidade. Mas a divisão que a duvida
fazia em minhas emoções não abatia a certeza de que amei a primeira vista.
A saudade era latente, rezava para o destino, clamava as coincidências
para que o encontrasse novamente. Caminhava pelas ruas a procura daquele homem,
mas não via ninguém semelhante, minha tristeza foi aparecendo em meu rosto, à
decepção de apostar no destino era mera futilidade; Entrei em um restaurante,
sentei e pedi algo para comer, virei o rosto para ouvir a voz grossa daquele
homem ao telefone, meus olhos alarmaram, meu coração disparou na velocidade das
minhas emoções, fiquei tão eufórica que sentei-me na mesa dele indelicadamente.
Ele sorriu, desligando o celular. Depois de muita conversa fomos para minha
casa, jantamos e deitamos ao som de uma bela musica. Deitada naquela cama, não
acreditava que tinha levado um homem que mal conhecia para dentro de minha
casa, ele já havia dormido, eu levantei calmamente, peguei meu diário, escrevi
um historia real, pois todas as que eu tinha escrito, foram historias que eu
mesma fantasiei, não sabia diferencia o que sentia em minha mente, confusão
seria a palavra certa? Não tenho certeza! Apaixonada? Encaixa em minhas palpitações.

Senti como o fôlego da vida trouxesse-me de volta a realidade. A dívida
que eu tinha, eu paguei, pagando o preço alto de viver apaixonada. Não sei
dizer se quero viver novamente um suposto amor, minhas suposições é omissões a
minha vontade de viver. Viverei amando a vida, pois saberei o tempo certo de
compreender a graça concedida, quando a oportunidade vier, saberei discernir em
continuar vivendo amando ou parando para viver um amor.