Com a velocidade de um homem desesperado, corri em direção ao meu mundo.
Ele estava rolando em direção ao precipício, a corda estava longe de alcançá-la,
joguei o meu corpo em meio à poeira, meus pés se apoiaram na fenda da rocha,
consegui pegar a corda a tempo, minha mão levou um baque, cortando minha palma,
gritei com tanta agonia que minha voz ecoou na imensidão daquele precipício,
mas continuei segurando meu mundo, não tinha noção de quanto tempo conseguiria
segurar, mas não iria desistir. Com o vento forte e frio meu mundo balançava
como pendulo. Enxerga pouco a altura da vala, mas dava para perceber que não
via o que habitava lá em baixo, mas sentia a profundidade comparada ao vazio
que sentia. Em meio aos fracassos dos meus sentimentos foi vindo em fleche em memórias,
sentia como se o meu mundo não houvesse vida. Pensei em tantas possibilidades
misturadas com frustrações, cansaço era o espelho das minhas tentativas mal
sucedidas. Gemia de tanta dor que sentia na mão, uivava por tanta tristeza que
acompanhava-me.
Gritei por socorro, mas em meio ao nada, ninguém jamais poderia
responder, sabia que se não tivesse alguém para ajudar-me eu deixaria a corda
escapar e o meu mundo iria para um abismo que não poderia resgatá-lo. Pensei em
tantas possibilidades de quem poderia socorrer-me naquela aflição que vivia. A
carência veio, sentou-me do meu lado, colocando as duas mãos no queixo, vendo
os meus olhos lacrimejarem, fiquei mais aflito, pois ela não me estendeu a mão.
Ela saiu da minha presença, deixando mais carência em minhas entranhas. Chegou à
razão, sorri para ela com um tom sem graça, ela permaneceu em pé, colocando
mais peso em meu mundo, a corda escorregou entre meus dedos, me fazendo segurar
com mais força, a dor foi tal, que estava perdendo o controle das minhas
pernas. Veio a paixão com uma tesoura, deu um ´´pique`` em minha corda, fazendo
dela mais fraca ainda. Minha alma tinha tanta dor expressada em agonia, que
comecei a chorar sangue. O meu mundo estava preste a cair e nada, nada podia
fazer.
Juntei o sentimento de raiva, angustia dos três e coloquei toda culpa no
amor, pois descobri que foi mandado dele que os três vieram a minha presença.
Ordinário! Avassalador é a sua macula, dói como um ´´não`` de alguém que você
se apega. - Cadê você? Covarde! Foge da
minha ira como o diabo foge da cruz! Não tenho nada contigo! Não preciso de
suas migalhas! O momento em que eu tentei deixar você entrar em minha vida fez
o meu mundo ser pendurado por uma corda. A corda que está enforcando minha
vontade de viver algo novo sem você. Não aceita meu desprezo, minha
insignificância por sua pessoa. Não tenho tempo para ressentimentos, confesso!
Mas não posso deixar meu mundo cair.
Começou a chover, o vento foi aumentando e a chuva foi transformada em
tempestade, raios, trovoada eram freqüentes. Chegou o medo, pisou com os seus
pés em minhas costas, o peso era demais. A corda estava arrebentando, e o medo
passou a mão em meu rosto, deu-me um beijo e desapareceu como a ventania
bravejante que reinava naquele lugar. Tudo que já havia vivido já não havia
esperança. Meus pés já não conseguiam mais segurar na fenda, minhas mãos já
estavam calejadas de segurar a corda. E a dor que sentia em meu intimo era o
ponto final para eu desistir. Larguei a corda, pois não agüentava mais,
Desisto! Entrego-me ao abismo da solidão, da incompreensão das minhas razões. Deixo
meu mundo se perder em meio à escuridão das minhas carências e o medo que
encobre a minha fragilidade. Senti o alivio e a omissão do fracasso. Quando
cheguei à beira do precipício o meu mundo não estava caindo, a corda estava
esticada, ela girava em perfeita harmonia. Olhei para o alto vi uma mão,
assustei, olhei para trás, ali estava quem eu mais desprezava. Levantei
ensangüentado, sujo e molhado. O amor entregou o meu mundo em minhas mãos,
desaparecendo deixando a calmaria do tempo. Percebi que estava segurando o
mundo onde eu mesmo habitava. Tudo tinha um significado, uma complexidade que
não podia decifrar. Cheguei a uma conclusão, com toda experiência que vivenciei
que nada sou sem o amor.
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